Páginas

O início de tudo.

Por quantas vezes eu fui obrigada a prender a emoção dentro de mim. Por quantas vezes eu deixei o meu orgulho tomar conta e com isso deixar de lado tudo aquilo que eu queria. Por quanto tempo eu deixei de crer naquilo que os meus olhos não podiam ver. Cada vez mais eu fui desacreditando em mim mesma e deixando que fosse guiada pelos outros. Quantas palavras foram ditas sem fundamento algum, mas pesaram mais de uma tonelada sobre mim - me fazendo  afundar em mim mesma - palavras que na cabeça de alguns poderia ser brincadeira, mas no primeiro contato se estilhaçava em mim. Por quanto tempo eu deixei a borboleta que eu alimento dentro de mim presa, com medo dela ser capturada e torturada. Medo de não me adequar aquele momento. Medo de não suportar outro choque. Medo. Por inúmeras vezes deixei de me jogar na situação, por que eu simplesmente não queria ser alvo de algum olhar maldoso. Deixei minhas palavras guardadas para que elas não seguissem outro rumo. Eu quis acreditar que isso em algum momento seria bom, mas não foi.

 Muitas vezes ter alguém para conversar é uma raridade mais raro ainda é alguém que possa te entender, que não irá apenas te julgar. As vezes um julgamento pode ferir mais do que armas letais, ainda mais vindo de alguém que você nunca esperou, é como você estivesse no escuro e fosse atingida por uma bala perdida. E foi na escuridão que eu encontrei algo para poder soltar os meus sentimentos. Troquei pessoas por uma folha de papel ou o bloco de notas do computador. E as poucos eu fui redescobrindo a pessoa que existia aqui dentro. Pude soltar a borboleta que havia aprisionado durante anos para poder voar, voar sem direção, seguindo o seu próprio caminho.

Eu resgatei o meu eu por meio das palavras, palavras soltas e cada pensamento entrava em sintonia com a música que estava tocando ao fundo. Pude sentir um turbilhão de sentimentos de uma vez só, um extasy vindo naturalmente. Uma conexão comigo mesma que nunca havia feito antes. O silêncio pode te dizer coisas únicas que nenhuma voz pode dizer. Abrir a mente e deixar ela dizer que  o que vai escrever é mais funcional do que muitas terapias. O som dos meus dedos batendo no teclado do computador se tornou um dos melhores sons, por que ali eu ouvia a voz dos meus sentimentos se comunicando. Eu fui alimentando cada sentimento que estava desnutrido, fui produzindo novas expectativas dentro de mim. Eu mesmo me nutria de coisas boas. Com isso eu fui capaz de criar um radar para afastar todas as coisas ruins que antes me deixava pra baixo. E se mesmo assim me atingir, eu sou capaz de ouvir minha música favorita, passar um batom vermelho e deixar que aquilo não mexa comigo. Eu me descobri e a partir daí, eu sei o que me faz bem e o que me faz mal. Eu me conheço, sei de cada coisinha que antes eu não era capaz de perceber. Foi quando eu fui capaz de pôr pra fora aquilo que eu sentia que tudo começou a mudar.

Resenha: Claro que te amo! - Tammy Luciano


Claro que te amo! <3 Autora: Tammy Luciano <3 Editora: Novo Conceito <3 ISBN: 978-85-8163-308-4

Sinopse:
Piera tem certeza: está cometendo a maior loucura da sua vida ao assistir, escondida, ao casamento de seu ex-noivo. Depois de seis anos de relacionamento, entrar de penetra na comemoração foi tudo que André deixou para ela. E olhar a cena não a faz feliz, mas encerra uma fase de sua vida. Hora de recomeçar. Mas como recomeçar se seu coração está cheio de dor? Envolver-se com a história de Piera é como descobrir que sempre há um lado muito bom a ser revelado… Mesmo que tudo pareça tão difícil!

Claro que te amo! conta a história de Piera, uma jovem de 19 anos, estudante de arquitetura que está prestes a cometer um dos maiores erros de sua vida: ir escondido no casamento do seu ex noivo, André. Ele foi seu primeiro namorado e viveram juntos durante 6 anos. Após o término do noivado, ela se vê numa fossa profunda -já que ele termina com ela sem nenhum motivo e totalmente frio - e piora ainda mais quando ela descobre que ele vai se casar. Ela se vê inconformada e para tentar aceitar o fim ela vai escondido assistir o casamento dele.

"Imaginei como ela estava feliz e entendi aquela felicidade como minha. Aquele sentimento tinha muito de mim. Ei, eu gritaria. "Desça desse carro, tire esse vestido, me entregue seu sorriso por que essa vida parece sua, mas deveria ser minha." Pág 6



E quando ela pensa que está tudo indo mal, ela descobre que a sua mãe que a abandonou ainda bebê, está viva e o pior, queria se encontrar com ela. Ela nunca imaginou ter uma mãe e ainda mais uma mãe que mais do que nunca está precisando da ajuda dela. A volta da mãe dela mexe com ela e faz ela ter iniciativas que antes não poderia imaginar que um dia faria.

"Tudo irônico demais. Quando mais precisei, não tive sua presença. Fui abandonada com um mês de vida. Agora precisava me vestir e sair correndo para acudir uma mãe" 53

Com a doença da mãe, Piera se vê ajudando aquela senhora que a poucos dias ela nunca imaginara que poderia conhecer e é nessas ajudas que ela conhece o Marcelo, médico da clínica a qual sua mãe está internada. Ela se vê atraída pelo doutor, mas sempre ficando na retaguarda. Ele é totalmente fofo e compreensivo com ela, mas ela tem um certo medo de se aproximar dele, já que ele é o médico da sua mãe. Ela acredita que tudo em sua vida está ruim, que não tem como piorar, mas ela percebe que é só a vida tentando mostrar pra ela que deve seguir em frente

"Algumas pessoas marcam nossa vida e definem acontecimentos em nossos dias. Aquele futuro médico retirara um pouco do peso da minha ida à Clínica." Pág: 77



Eu não dava nada pelo livro e fui convidada a comprar pela própria autora na Bienal do Livro aqui do Rio. O livro tem uma narrativa boa, mas ao mesmo tempo algumas partes não te prendem e faz você querer desistir da leitura. Eu ri, chorei e muitas vezes quis bater na Piera, mas no final concluí minhas expectativas e gostei do livro.
As imagens são de minha autoria.
Acompanhe o Sem Roteiros nas redes sociais : Skoob  Facebook  Twitter